terça-feira, 31 de março de 2015

Um pequeno silêncio


Um pequeno silêncio

um pequeno silêncio
de alma presente
e você não está mais no mesmo lugar

um comentário na Lua
nas redes sociais aTerra
o preço dos combusíveis aLua

um raio "e se..." fura a camada de ozônio
e um asteróide-esponja "não te falei?!?"
some as águas da fonte

um profeta transforma um cálice
de água em petróleo
a praça boquiaberta engasga unissonante "oh!"

desesperado, um senhor que se disse illuminati
espalmou uma granada "não aguento mais!" na minha mão
e implodiu sem rastro nessa dimensão

dela explodiram especulações que nunca imaginei na vida
e seus estilhaços corporativos
me deram um câncer privado vitalício

quimio
medo
redenção
aprendizado

tudo por causa de um silêncio




Fred - 31/03/2015
Coleção "???"

domingo, 29 de março de 2015

Astronauta


Astronauta

um deserto acolhedor, peludinho, pelugem macia
o chão é saboroso, comestível, e como!
mas tivemos que fugir dele
daquele deserto acolhedor

buscamos o apuro técnico
as pessoas e nossas fraternidades
a indústria daquelas freguesias
nos deu açúcares até
ainda áridos

tentamos estabelecer os cenários
que nossa imaginação podia conciliar
navegamos a realidade como sedimentação de rios de pensamento
beleza e desnutrição ornamentam aquele deserto acolhedor

a maciez a gostosura o tesão o paladar
as cirurgias plásticas as zonas erógenas
os perfumes os açudes as fontes e águas termais
alguns não aguentavam mais

prédios pirulitos multicoloridos / escolas balas macias e azedinhas
trabalhos sobremesa / robôs preguiça obesa
passatempos bobagens de destreza / exclusão-beleza!

rastejantes daquela distopia saborosa
flutuávamos dissidentes àquela utopia glitterosa

tivemos que atracar por entre nuvens relampejantes
o conforto da estação espacial
ainda nos conectava àquele deserto acolhedor
mas conseguimos uma roupa especial

e lá, fora da nave, bem acima
sobre as nuvens relampejantes em que atracamos
avistamos uma cabine flutuando por entre estrelas...
o odor do desconhecido... eriça
acima daquele deserto acolhedor

adentramos seu ambiente de tom salmão
emanando sutis ondas de satisfação
e tivemos vontade de tirar as roupas herméticas
forças gravitacionais, gramado macio, formigas, flores
verossimilhanças afins
e entreaberta
uma porta de saída
.
.
.
.
finalmente / ufa! / fim de jogo




Fred - 29/03/2015
Coleção Gameplay

domingo, 8 de março de 2015

Namorados

ela com suas íris em movimento
cintilando coloridas
fogaréu incrustado, talento

ele no mais profundo penhasco de si
mãos guarda-chuvas amparando a fuligem
cintila-se

felicidades
que suas glândulas não suportam produzir

olhos semicerrados
enxergam por outros
cordéis sutilíssimos, roucos

retinas compartilhadas
ela modifica o espectro de leitura
e suas íris turvam-se em espiral

ambos acessam outros pares
e se dão conta de seus brilhos, cardíacos

namoram-se
se trocam
se respeitam
se gozam
pacificam-se
transpõem-se
e
molificam seus corpos

um telepata federal à paisana perscruta
vai que é terrorismo... ou espionagem...
cê acredita?




Fred-08/03/2015
Coleção Híbridos - Futuro Desconhecido