“
Sozinha
entre unhas brancas há uma pintada de galáxia dourada e muitas estrelas
pretas, juntas entregam pastéis e molho de pimenta vermelha. Uma
senhora sonha com o frio-da-europa.
Pastéis de carne macia, de animais confinados. As pessoas estão muita
próximas, por isso qualquer lugar fica pequeno. Novas cepas de fungos,
vírus e bactérias põem uma distopia em fase de prelúdio. Uma senhora tem
o corpo todo salpicado de microplástico. Será incrível quando os Glaucus atlanticus e os Dragões-marinhos-folhados
forem enormes e puderem voar. Músicas e marmitas, gratuitas, continuam
salvando vidas, continuam a impressionar. Uma ficha de tamanho incomum
continua caindo e, de vez em quando, alguns transeuntes param para
observar; os mesmos alguns, de vez em quando, pensam em voz alta se
aquilo é um truque, olham em volta, porque a força da gravidade já
deveria ter derrubado a ficha no chão - “certo?”. Ventos longos, da espessura de bairros inteiros; rios transbordam, ciclones bomba, relampeios. Tucanos de bico verde, de peito branco, de bico preto, tucanos. Da matilha, primeiro veio o vento alpha,
mais longo, depois os menores e mais sinuosos, assustadores, frios,
uivantes, terríveis e maravilhosos – bagunçaram e espalharam, para que
todos pudessem respeitá-los.
Não duvide das distopias:
assim sussurram elas por meio de memes e gifs. Acabou, assim, aquele
dia emendando na madrugada, que seguiu igual – do amendoado para o breu.
”
2020/07/01
Fred