quarta-feira, 22 de julho de 2020

Vento alpha

 
Sozinha entre unhas brancas há uma pintada de galáxia dourada e muitas estrelas pretas, juntas entregam pastéis e molho de pimenta vermelha. Uma senhora sonha com o frio-da-europa. Pastéis de carne macia, de animais confinados. As pessoas estão muita próximas, por isso qualquer lugar fica pequeno. Novas cepas de fungos, vírus e bactérias põem uma distopia em fase de prelúdio. Uma senhora tem o corpo todo salpicado de microplástico. Será incrível quando os Glaucus atlanticus e os Dragões-marinhos-folhados forem enormes e puderem voar. Músicas e marmitas, gratuitas, continuam salvando vidas, continuam a impressionar. Uma ficha de tamanho incomum continua caindo e, de vez em quando, alguns transeuntes param para observar; os mesmos alguns, de vez em quando, pensam em voz alta se aquilo é um truque, olham em volta, porque a força da gravidade já deveria ter derrubado a ficha no chão - “certo?”. Ventos longos, da espessura de bairros inteiros; rios transbordam, ciclones bomba, relampeios. Tucanos de bico verde, de peito branco, de bico preto, tucanos. Da matilha, primeiro veio o vento alpha, mais longo, depois os menores e mais sinuosos, assustadores, frios, uivantes, terríveis e maravilhosos – bagunçaram e espalharam, para que todos pudessem respeitá-los. 

Não duvide das distopias: assim sussurram elas por meio de memes e gifs.  Acabou, assim, aquele dia emendando na madrugada, que seguiu igual – do amendoado para o breu.  

 
 
 
2020/07/01  
Fred

Nenhum comentário: