segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Quem faz casa nos cantos do labirinto?

 

O que faz aquela que está longe da saída do labirinto?  
Se diverte com os painéis de notícia, de cultura (como se mimetizasse cinema), encantada com os progressos tecnológicos, que não tem acesso.  
O que faz ela se nem sabe que num labirinto está?  
Busca um canto: um lugar para se aninhar.  
Agradece a atenção e diligência do minotauro garçom, que lhe serve carnes em sistema de rodízio. Ajuda a construir novas alturas para os muros, trabalha assalariado para O Muro, sofistica o autoatendimento, grafita, canta em frente.  
E diz aos filhos que quer ser cremada e, quando o for, que suas cinzas componham um dos tijolos do labirinto.  
E quem observa de mais alto, ou longe, aprende com aquelas que percebem que podem subir nos muros, podem pulá-lo.  
Vultos de luz e bolas de energia circulam.  
Há quem nada, quem veja ovnis, quem chore e quem desague de esperança. 
Há quem faz casa nas dobras do labirinto. 

 
 
 
 
2020/10/22 
Fred 

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