domingo, 26 de abril de 2020

Praça cortada ao meio

O cara diz que quer merendá na bicuda
Neofacistas defensores do terraplanismo
Quer pele à prova de balas um outro de cenho inchado
Grafeno subcutâneo, se possível, tatuado
Alguém joga um chiclete no asfalto
E deixa um rastro hálito de menta
Risadas 
No boteco os passarinhos bebericam água-benta
Um casal monta sua casa de pau e plástico
Eles na faixa sexagenária dos quarenta
Escorada na árvore periférica da praça 
A chuva não entra
Um ônibus vem assoviando suas juntas
E urra de levar tantos na cacunda 
Uma jibóia de luzes impossíveis serpenteia
Grossa e alerta e feérica
Espera quem a perceba
Pronta pra ensinar



2020/04/26
Fred

Nenhum comentário: