sexta-feira, 1 de maio de 2020

Sangue aceso de potência

retomemos a produção do que importávamos 
fábricas se ergam para que sejamos soberanos 
bojudas torres-filtros-de-ar nos protejam 
às máscaras recorramos 

partículas de todos os tipos  
em pós-óculos apareçam 
que para lá ou cá nos digam  
porque nos indicam os ventos 
pois, assim, andaremos 

crianças, olhem ali em tons doentios   
essas brisas aí nos miram!  
bactérias e vírus letais! vamos! 
nosso sangue brilha de potência 
aceso pelo sol sulamericano 
morrem em nós os pequenos monstros 
porque, em nosso sangue, os matamos 

nossas máscaras - face inteira –, retirem!  
a chuva chega tardia; já nos protegemos 
o fim de tarde cheirando molhado, ventos  
coloridos, vivos – pousam  
em nossos corpos calmos  
os nossos espíritos - enquanto 
continua o sol arroxeado caindo  
belo como em todos os outros anos 
 



2020/05/01 - Fred Vieira

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