sexta-feira, 29 de maio de 2020

Macarrões

Um braço robótico sincronizado com seus irmãos e irmãs correias dentadas, mais moinhos-trituradores e esteiras, produzem kms de macarrão – numa sala em trevas produtivas. Poucos têm comido seus macarrões. Fantasmas e algoritmos inteligentes incorpóreos (algiinsalgoritmos com corpo humanoide fantasmagórico) pairam à volta, atuam sobre as redes de dados e tendões elétricos, por curiosidade ou pirataria, por pulsão de morte ou proteção. Só de olhar é impossível saber. Aqueles artificiais não conhecem os comedores de macarrão, porém sabe que existem, onde moram. Sabem que nos próximos meses enviarão mais macarrões aos seus comedores por meio de suas extensões, os caminhões. Mas não sabem e jamais saberão por que aumentará, vertiginosamente, a oferta de carboidratos. Ou porque os comedores de macarrões têm uma fome buraco-negral de acessíveis e baratos macarrões. Fantasmas e algiins interseccionam seus campos magnéticos, enquanto pairam e se atravessam, mas não compreendem sobre suas diferentes naturezas, apesar de entenderem sobre a fome dos comedores de macarrões. Sem se saberem convivem comedores, macarrões, robôs, algiins, fantasmas, bactérias, vírus e formigas. Isso é terrível e lindo. Na teia do todo, em sua maravilha e movimento, tímidos, aparecem os primeirxs que se cansaram dos macarrões, sob a luz das estrelas. 

 

 

 

2020/04/11 
Fred

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