Camisetas, estórias, jogos, filmes e fotos do megalobagre
Não é difícil que criem
O exemplar de megalobagre
Ossos e carne
Toneladas
Um navio para contorná-lo
Vê-lo sentir-se deslocado
Para que em sua
Jornada do coadjuvante
Seja comido assado
E se alimente a cidade
Pois estudam primeiro
Depois o bicho é entretenimento
E estudam
Depois o bicho é arte
E glória
E estudam que o bicho, talvez
Não devesse existir
Já programado: o bicho morre
Os tendões viram cabos
Os ossos um diorama
A carne se torna comida
E vira humana
Passado Presente Futuro
A casa do megalobagre é o Rio Amazonas
Das águas para o museu, hotel e parque
Em suas bordas
O Hotel MB
Ganhamos alguns dias no parque-hotel-museu MB
Para vermos em alguns minutos
O diorama do megalobagre
Resgatado em filmes e hologramas
Algoritmos incorpóreos pairam como libélulas
Quase invisíveis
Para nos lerem as emoções
E surpresas
Ao encararmos a MAGNITUDE
Do esqueleto do megalobagre
E quão belas são suas cópias
Em pelúcia ou plástico ou emborrachada
A comunidade
A maioria dos espíritos que moram no entorno
Da história do megalobagre
Ou mudou seus corpos dali
Ou viu o peixe e o arroz encarecer
E trabalha para o museu-hotel-parque
Ou auxiliam o espírito do megalobagre
A parar de observar seus ossos no diorama
Ou se desvencilhar
Dos pensamentos dos turistas
Que o conjuram desde
O apagar das câmeras
Da comoção de seu velório
Os sentimentos
Tenho afeto por estes pequenos
Apesar dos breves e pequenos
Sóis piscantes
Que apontam para mim
Enquanto o sol grande não pousa
Nas águas
Me cuidam e me tocam
Mas queria conhecer alguém
Parecida comigo
O presente
O megalobagre não é mais
Megalobagre
Aguarda sua vez
De ser humano
Quer visitar seu antigo esqueleto
Tentar lembrar de si e aprender
A estar em todos os lados
Da história
2020/04/10
Fred Vieira
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