quinta-feira, 15 de julho de 2010

Diferente

diferente

tenho sangue doado em minhas veias
medula de outrem
coração e pulmão com partes sintéticas
olho direito é o mesmo de ontem
o esquerdo é de hoje

é diferente
a percepção muda
muda o mundo
mundo eu
mudo eu

sou igual em quase tudo
mas influenciado pela vida de forma diversa
conquanto senciente
sinto-me diferente
emocionalmente

sem a evolução linear ascendente de um meditador
yogue reto
ereto no meio do torpor,
e nas tempestades dos homens
e dos ventos arrasadores
e do amor

brilha meu cérebro
meu espírito
traciono minha cura
meu corpo complacente recebe a ajuda

há fios luminosos descendo suaves
enquanto olho de olhos fechados
para o céu

algo permanece imbatível:
eu aqui dentro de mim




01/07/2010
Fred - Coleção Híbridos
Futuro Desconhecido

2 comentários:

Anônimo disse...

Mmmm...interessantíssimo.
Essa questão do "eu" e do "permanente" me é muito querida. Há tempos penso nela.

Tenho minhas "quase-conclusões".

Para clarear melhor, tenho minhas percepções. Assim fica melhor.

Claro, como toda boa escrita, há outras coisas na poesia. E, realmente, há poesia.

Seus textos são muito ricos.

Obrigado por eles.

Rodrigo.

Fred - Grafiq disse...

Olás. Obrigado pelas visitas e pelos elogios.
^^
Você é um estudioso do pensamento humano e, acho eu, que essa riqueza venha à tona quando você lê quaisquer textos ou poemas. Uma curiosidade que nunca terei sanada é a de poder saber como alguém de fora faz as conexões. Realmente coloco muitas referências, imagens, porque a temática pede, e isso me deixava com algumas dúvidas se estaria sendo chato ou denso demais. Mas vejo que há espaço para poemas e textos de todos os tipos. Até mesmo porque a densidade de palavras e referências não quer dizer que os temas e assuntos citados sejam assim também, pelo contrário, leves e fluidos (talvez), porém longos.
Obrigado pelos apontamentos.
Grande Abs