segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Medusa


Medusa


híbrida
também vive fora d'água
flutua
glândula atenuadora de gravidade / na medula

ela é viva
mas desliga
tem um botão que clica

ela tem roteiro
ela tem dono
ela é pet
ela urtica

ela segue um roteiro
o dono também
os dois seguem um ritmo
rotineiro, também

ela trabalha sem saber
desconhece o proceder
ele também...
sem o saber

ela estampa camiseta
foi várias vezes desenhada
inflama imaginações
debates, piadas

cambaleia
utilidade
inutilidade
pela cidade

na realidade
só sobrevive / porque é muito legal mesmo


clique
scripted_organism.Organismo_Roteirizado
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Fred - 17/12/2012
Coleção Híbridos - Futuro Desconhecido

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Prontos para pular


Prontos para pular

caminho com um cachecol holográfico
acompanhado de meu balão de HQ
cheio de pensamentos gráficos

andando, não necessariamente com as pernas
comendo, invencível aos efeitos nocivos

sexo livre e suculento - entretenimento
memória ubiqua - internet precisa

pensamentos indomáveis,
não controlando a natureza, mas domadores
voando e sobraçando montanhas
mais paixões que amores

na acessibilidade e imperceptibilidade
até que a morte nos separe
do controle remoto

amar e correspondência
felizmente, mais que uma crença

prontos para pular do beiral / rumo ao infinito
queremos ter um corpo ideal e sair dele quando quisermos - um espírito




Fred - 24/11/2012
Coleção Híbridos - Futuro Desconhecido

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

BarrocoRobots_6

BarrocoRobots_6



fenômenos psíquicos ganham formas imateriais
quando estas formas são humanóides / e têm a face de personalidades conhecidas
nos relacionamos com elas
por vezes, mais intimamente do que com qualquer pessoa que amamos
e nos entregamos a esses relacionamentos
formamos identidade com eles
nos tornamos a ponta de uma árvore genealógica imaterial
identitária

sou pego com esta minha árvore de pessoas
e sou plantado em outras cabeças
sem que vejam minhas raízes / apenas as folhas
junto-me a outras personalidades análogas
influencio ou fascino ou domino sem querer
sem saber
descubro que fui plantado em outras cabeças
e vou conhecer estas outras versões de mim
algumas dizem que são eu
outras não
resolvo pôr ordem e convenço,
com muito esforço,
que todas elas vieram de mim
elimino suas vontades de identidade

assim,
terminei o jogo em 50 horas jogadas
fiz milhares de pontos, enfim
desligo o console
e vou dormir feliz




29/07/2012
Coleção Futuro Desconhecido

BarrocoRobots_5


Anastor e seu ídolo

Anastor é Desenvolvedor de Esportes Radicais
perdeu a perna esquerda numa queda montanhosa
tinhosa a regra
era somente usar os membros / de um dos lados do corpo
implantou outra perna,
viva!, no lugar da falecida
mas de pele avermelhada, mais forte, trabalhada

Com os anos perdeu os rins
, pulmão direito
e grande parte dos intestinos
quase inteiro
trocou por bombas filtrantes
, filtros de ar antiradioativos
e receptores solares assimiladores de microorganismos

Certa vez fez exames sobre coleta de mucosa bucal
algumas células híbridas chamaram atenção
ninguém sabia, ao certo, se eram microorganismos
ou microrobozinhos
uma célula ou um organismo-grafismo cibernético-tribal

Achou tão legal
que filmou e transformou-se em meme
mesmo entre as redes sociais mais conservadoras
canalizadoras das opiniões mais estarrecedoras

As sensações do mundo mudaram

As percepções se transfiguraram

E, também, seu sexo transformou-se em um terceiro
passou por um quarto
e chegou num quinto
que só se soube depois de findo

Apaixonou-se fraternalmente pelo seu médico-bio-assessor

Antônio Villas Novas




27/07/2012
Coleção Futuro Desconhecido

domingo, 16 de setembro de 2012

BarrocoRobots_4


BarrocoRobots_4


Os raios queimavam
músculos-ossos-peles-fumegantes
Onde já não havia mão, o espírito

E as células recomeçaram
a mão que não havia ali
"Reação Salamandra"
eu vi

Entretanto, os tecidos novos eram reconfiguráveis
e o sujeito morreu e ficou sua mão imóvel
não degradável
alimentando-se dos raios solares
e de pequenos microorganismos vorazes



Fred-17/05/2012
Coleção Futuro Desconhecido

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

BarrocoRobots_3

BarrocoRobots_3


Davi tinha 3 corpos
pagava para manterem 2 vivos e sem alma
enquanto estivesse no original

desdobrava-se e acoplava
tomava posse de si mesmo
adorava

Davi morava em 3 lugares diferentes
tinha 3 profissões
1 memória

Davi trabalhava para empresa mista
e tinha o 4º corpo - secreto
híbrido
tecidos espirituais, humanos, vegetais, metálicos, sintéticos e outros difíceis de descrever...
ainda outros?

Davi designou um corpo para o conforto
outro para o trabalho
outro para ser pesquisador
outro para viver esportes radicais...
o original? o do conforto
Deste tirou as pernas para não cansá-las
uma das mãos para equipá-la
plaquetas de memórias para somente lembrá-las...
as mulheres não conseguiu dispensá-las

Davi dizia que vivia a ficção imaginada por seus avós
um presente tão futuro quanto os do passado

O tempo atual de Davi tinha ritmo
que ele não gostava de chamar de rotina
se irritava com isso
e com aquilo
igual ao seu tataravô materno

Enquanto ia ao banheiro...
Quando adoecia...
Apertava os olhos para sondar o nevoeiro...
Sentia-se muito próximo de seus avós
e a sensação de coração futurista abandonava-o
sugando as percepções de tempo
Até que tudo fosse agora

sonhava que fitava o passado
que configurava-se percorrer as curvas das lembranças
até um sujeito familiar...
que estava sempre de costas...
e tocando seu ombro...
dava de cara consigo mesmo

Davi adorava fotografia
de todas ria
difícil reconhecer-se
em cada qual dos corpos que tinha

Adotando peculiaridades e caprichos identitários
mais e mais apartidário
um fardo para quem, com muito custo, conseguira várias identidades
sucumbindo ante esta mesma variedade:
os divertimentos dormiam todos
juntos e espremidos
sobre o travesseiro de Davi




Fred - 27/07/2012
Coleção Futuro Desconhecido

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

BarrocoRobots_2


BarrocoRobots_2


Não conseguia reconhecer se alguém me observava, ou se estavam incomodados com minha perscruta, ou se eu identificaria alguém ali que não fosse uma projeção luminosa, afinal, mal conseguia parar de me maravilhar com a profusão de sensações, primariamente e hipoteticamente abordadas pela visão, e focar minha vontade e pensamento. Sequer me arriscaria em dar vazão ao impulso crítico que me compunha a personalidade, sabendo que um leque imagético representativo de minhas entranhas espirituais se precipitaria em meu derredor, tão vivos quanto eu, a me confundir com os demais. Destarte invadia-me uma timidez temperada com medo, resultando numa pequena paranóia branda, mais ainda suavizada por meu ímpeto controlador de mim mesmo. Compôs-se uma idéia em minha mente: perceber toda a riqueza desse mundo não me traz sua interpretação, sua riqueza de sentidos, seus acasos, coincidências e livre-arbítrio que lhe esculpe a superfície. Caminhei vacilante por entre aquele enxame de seres (materiais, imateriais e projecionais),olhando-os como quem sai de uma câmara escura, abre a porta e dá de cara com a assustadora e sedutora revelação das maravilhas herméticas do mundo, erupção das entranhas espirituais de seus habitantes. Até onde a sutileza tornou-se perceptível e a alcançamos, e ela se torna tão concreta, e o concreto que constrói prédios é concreto² (ao quadrado) ou outro nome que lhe dê outra concretude. Sinto esse caos interessante do mundo sempre imprevisivelmente linear e não concreto e sutil e concreto ao mesmo tempo... como se conduzido, estivesse dentro de um gigantesco cercado aberto, aparando arestas humanas, humanóides, demasiadamente humanas.
Miro o alto e absorvo o céu e recrio em minha cabeça o espaço que nos envolve, mas olho, ainda, para sondar... como quem aperta os olhos e todas as percepções, excitado pela intuição que não aponta para algo específico, mas para a presença do desconhecido; do lado de cá dessa janela que fica no teto do mundo.
E não consigo dizer em que ano estamos e o que me reserva à imaginação a palavra futuro.




Fred - 30/08/2012
Coleção Híbridos-Futuro Desconhecido

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

BarrocoRobots


BarrocoRobots_1


pessoas voando em bolhas de ar individuais
pessoas e espíritos em conversas pessoais
no limite da atmosfera
multidões flutuantes ao longe,
próximas da Terra

O pensamento modelando igual martelo,
movendo a matéria como os músculos

O Espaço

liberdade laboriosa e responsável
liberdades recíprocas ou contrastantes
seres sencientes conscientes e inconscientes
a realidade parece onírica
surreal de tanta visualidade
e tão real quanto um filme de fantasia

a tecnologia dá corpo ao pensamento
e a mediunidade ao invisível

pensamentos flutuando em nuvens
envolvendo corpos e cabeças
caminhantes ou flutuantes

planetas formados e adornados
às forças expressivas da vontade
realidades modeladas
cotidiano literatura

.

identidade
é difícil ter uma

tudo muda tanto e tanto flutua
é tanta coisa no ar acontecendo
o ofício de exercitar o foco
escolher o que foca
concentrar-se por pelo menos uma hora

a liberdade deu corpo à loucura
e à ventura

muitos querem o reconhecível
o antigo
até querem o novo,
refugiando-se, quando possível, no antigo, consigo

o mundo num emaranhado de complexidades
fecundo
e infecundo
muita distração
muito tudo

uma inextricável gênese sígnica
tão fulminante e intensa
que tudo pede uma frase extensa
ou o silêncio

um verdadeiro detalhismo barroco
exponencial
complexidade
contraste
diferenciar para não enlouquecer
atribuir significados de sagrado e profano
escolher um lado
porque há tantos, e de todas as cores e tons

.

temos um corpo físico
e corpos simbólicos
a morte do corpo físico define identidade
solidifica os corpos simbólicos
o arquétipo que nos dá vida dentro da cabeça das pessoas,
que nos representa em vida, após nossa morte,
evolve exponencialmente
mas aí já não somos nós
mais uma identidade que deixamos de herança

é
identidade
é difícil ter uma

guiados pelo inconsciente
robôs programados por cultura
tudo que eu penso minha memória me lembra que já existe
e já foi bem falado

um desejo perene pela diferença e a beleza
uma tribo e o corpo perfeito
como é difícil ter uma identidade
com o sagrado e o profano me disputando
puxado para cima para um paraíso colorido
e para baixo para um inferno branco-corrompido

muita releitura material e espiritual
muitos recursos
crianças idosas saltitantes
em direção à morte
.
.
.
na minha caixa postal
brilha o ícone de nova mensagem espiritual






Fred - 07/08/2012
Coleção Híbridos-Futuro Desconhecido

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Efeitos Especiais


com minha roupa formada
por milhares de micro-espelhos
recriada

micro-espelhos junto de milhares de projetores de luz...
esculpo meu corpo e meus sons em reluz
em resons e reluzes
que me dão o aspecto que eu programar
antes de me trocar
tocar
e trocar de roupa

posso parecer um monstro ou um garoto
uma roupa esportiva ou a invisibilidade
como se os poderes e efeitos visuais
dos personagens cinematográficos
"reais"

posso ser um sonho
um espetáculo
cuidado para não ser enfadonho

posso ser uma avalanche de signos
e significados
ígneo de cérebros
convusionando de informações

ou belo e enxuto
coeso e astuto

a mando de minha ética
fértil ou estéril
perfumada ou fétida
mas bela e estética

ah, minha ética:
mão calejada de esculpir
minha alma fétida

bela e capaz
de esculpir-me às rédeas
nessa roupa de milhares de micro-espelhos
e micro-projetores de luz

minha luz
saia de minh'alma
e deixe-me brincar com seus efeitos especiais




Fred - 21/01/2012
Série Futuro Desconhecido

Raios


Raios

fizeram um experimento
conduziram famílias a viverem 
dentro de um holograma perfeito
tátil quando preciso
mortal e verossímil

incitando-os à felicidade-liberdade
mas como quando?
sem saber da liberdade
sentem-se facilmente livres
quanto mais conforto têm e variedades

e o sol que lhes queima a pele praiana
queima também a mim que assisto à paisana
e desconfio se estou fora 
ou dentro de outro holograma

radiações e raios
queimam os hologramados
e a todos 
em todos os planos de existência

então não sei mais aonde estou
e se alguém me observa com mesmos olhos
e se o sol os queima
enquanto se distraem com o holograma dos outros
sob outros olhos
.
.





Fred - 17/02/2012
Coleção Híbridos