quarta-feira, 22 de agosto de 2012

BarrocoRobots_1


pessoas voando em bolhas de ar individuais
pessoas e espíritos em conversas pessoais
no limite da atmosfera
multidões flutuantes ao longe,
próximas da Terra

O pensamento modelando igual martelo,
movendo a matéria como os músculos

O Espaço

liberdade laboriosa e responsável
liberdades recíprocas ou contrastantes
seres sencientes conscientes e inconscientes
a realidade parece onírica
surreal de tanta visualidade
e tão real quanto um filme de fantasia

a tecnologia dá corpo ao pensamento
e a mediunidade ao invisível

pensamentos flutuando em nuvens
envolvendo corpos e cabeças
caminhantes ou flutuantes

planetas formados e adornados
às forças expressivas da vontade
realidades modeladas
cotidiano literatura

.

identidade
é difícil ter uma

tudo muda tanto e tanto flutua
é tanta coisa no ar acontecendo
o ofício de exercitar o foco
escolher o que foca
concentrar-se por pelo menos uma hora

a liberdade deu corpo à loucura
e à ventura

muitos querem o reconhecível
o antigo
até querem o novo,
refugiando-se, quando possível, no antigo, consigo

o mundo num emaranhado de complexidades
fecundo
e infecundo
muita distração
muito tudo

uma inextricável gênese sígnica
tão fulminante e intensa
que tudo pede uma frase extensa
ou o silêncio

um verdadeiro detalhismo barroco
exponencial
complexidade
contraste
diferenciar para não enlouquecer
atribuir significados de sagrado e profano
escolher um lado
porque há tantos, e de todas as cores e tons

.

temos um corpo físico
e corpos simbólicos
a morte do corpo físico define identidade
solidifica os corpos simbólicos
o arquétipo que nos dá vida dentro da cabeça das pessoas,
que nos representa em vida, após nossa morte,
evolve exponencialmente
mas aí já não somos nós
mais uma identidade que deixamos de herança

é
identidade
é difícil ter uma

guiados pelo inconsciente
robôs programados por cultura
tudo que eu penso minha memória me lembra que já existe
e já foi bem falado

um desejo perene pela diferença e a beleza
uma tribo e o corpo perfeito
como é difícil ter uma identidade
com o sagrado e o profano me disputando
puxado para cima para um paraíso colorido
e para baixo para um inferno branco-corrompido

muita releitura material e espiritual
muitos recursos
crianças idosas saltitantes
em direção à morte
.
.
.
na minha caixa postal
brilha o ícone de nova mensagem espiritual






Fred - 07/08/2012
Coleção Híbridos-Futuro Desconhecido

5 comentários:

Bruno Maiorquino* disse...

Quando leio seus versos me sinto tipo um fluído químico, viajando entre um mundo espiritual, filosófico, no espaço sideral de uma ficção científica ou em um cotidiano cibernético. Psicodelia pura!

"refugiando-se, quando possível, no antigo, consigo"

;)

Fred - Grafiq disse...

Opa. Bem vindo.
Que bom que curtiu!
Obrigado.

Por onde tem andado?
Abs

Rodrigo disse...

Interessantíssimo!
Cada frase e toda sua força!

Bem disse o Bruno sobre o fluído químico. E, falando nele, bem dele é o "refugiando-se, quando possível, no antigo, consigo". Já bem meu é o "guiados pelo inconsciente/robôs programados por cultura".

Não sei se por estar envolvido desde algum tempo, mas vejo cada vez mais como você e o Bruno estão melhores poetas.

Impossível, talvez até injusto, dar conta de tudo o que o texto apresenta. Mesmo que eu quisesse muito isso...

Abraço forte!

Fred - Grafiq disse...

Voltei! Agora que vocês dois comentaram, farei uma última nota: adorei os comentários, porque fiquei com uma sensação de que conseguiram curtir e entrar no clima do poema. A atmosfera que procuro criar, a imersão de quem lê e o retorno positivo do leitor é a melhor sensação do mundo. Obrigado pelo privilégio da imersão positiva. Isso é comunicação, quando tentamos dizer algo nos importando com quem escuta, que responde importando-se com quem estabeleceu contato. Digo que é comunicação, porque nem sempre modificamos ou somos modificados pela troca de informações.
De qualquer forma, obrigado pela audiência.
Sempre muito bem vindos.
Grande abs.

Luciana Carvalho - Mãe, Educadora Perinatal, Doula (Parto e Pós-Parto) e Professora de yoga disse...

Cada palavra soa como previsões futuras, às vezes me assusta, às vezes me admira! Será???