quarta-feira, 29 de agosto de 2012

BarrocoRobots_2


Não conseguia reconhecer se alguém me observava, ou se estavam incomodados com minha perscruta, ou se eu identificaria alguém ali que não fosse uma projeção luminosa, afinal, mal conseguia parar de me maravilhar com a profusão de sensações, primariamente e hipoteticamente abordadas pela visão, e focar minha vontade e pensamento. Sequer me arriscaria em dar vazão ao impulso crítico que me compunha a personalidade, sabendo que um leque imagético representativo de minhas entranhas espirituais se precipitaria em meu derredor, tão vivos quanto eu, a me confundir com os demais. Destarte invadia-me uma timidez temperada com medo, resultando numa pequena paranóia branda, mais ainda suavizada por meu ímpeto controlador de mim mesmo. Compôs-se uma idéia em minha mente: perceber toda a riqueza desse mundo não me traz sua interpretação, sua riqueza de sentidos, seus acasos, coincidências e livre-arbítrio que lhe esculpe a superfície. Caminhei vacilante por entre aquele enxame de seres (materiais, imateriais e projecionais),olhando-os como quem sai de uma câmara escura, abre a porta e dá de cara com a assustadora e sedutora revelação das maravilhas herméticas do mundo, erupção das entranhas espirituais de seus habitantes. Até onde a sutileza tornou-se perceptível e a alcançamos, e ela se torna tão concreta, e o concreto que constrói prédios é concreto² (ao quadrado) ou outro nome que lhe dê outra concretude. Sinto esse caos interessante do mundo sempre imprevisivelmente linear e não concreto e sutil e concreto ao mesmo tempo... como se conduzido, estivesse dentro de um gigantesco cercado aberto, aparando arestas humanas, humanóides, demasiadamente humanas.
Miro o alto e absorvo o céu e recrio em minha cabeça o espaço que nos envolve, mas olho, ainda, para sondar... como quem aperta os olhos e todas as percepções, excitado pela intuição que não aponta para algo específico, mas para a presença do desconhecido; do lado de cá dessa janela que fica no teto do mundo.
E não consigo dizer em que ano estamos e o que me reserva à imaginação a palavra futuro.




Fred - 30/08/2012
Coleção Híbridos-Futuro Desconhecido

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