domingo, 29 de março de 2015

Astronauta

um deserto acolhedor, peludinho, pelugem macia
o chão é saboroso, comestível, e como!
mas tivemos que fugir dele
daquele deserto acolhedor

buscamos o apuro técnico
as pessoas e nossas fraternidades
a indústria daquelas freguesias
nos deu açúcares até
ainda áridos

tentamos estabelecer os cenários
que nossa imaginação podia conciliar
navegamos a realidade como sedimentação de rios de pensamento
beleza e desnutrição ornamentam aquele deserto acolhedor

a maciez a gostosura o tesão o paladar
as cirurgias plásticas as zonas erógenas
os perfumes os açudes as fontes e águas termais
alguns não aguentavam mais

prédios pirulitos multicoloridos / escolas balas macias e azedinhas
trabalhos sobremesa / robôs preguiça obesa
passatempos bobagens de destreza / exclusão-beleza!

rastejantes daquela distopia saborosa
flutuávamos dissidentes àquela utopia glitterosa

tivemos que atracar por entre nuvens relampejantes
o conforto da estação espacial
ainda nos conectava àquele deserto acolhedor
mas conseguimos uma roupa especial

e lá, fora da nave, bem acima
sobre as nuvens relampejantes em que atracamos
avistamos uma cabine flutuando por entre estrelas...
o odor do desconhecido... eriça
acima daquele deserto acolhedor

adentramos seu ambiente de tom salmão
emanando sutis ondas de satisfação
e tivemos vontade de tirar as roupas herméticas
forças gravitacionais, gramado macio, formigas, flores
verossimilhanças afins
e entreaberta
uma porta de saída
.
.
.
.
finalmente / ufa! / fim de jogo




Fred - 29/03/2015
Coleção Gameplay

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