“
Fixada
no araçari-mulato, ela chora de milagre. O bicho arranca uma nervura
escura de seu coração. A glória luminosa que passa por entre as folhas
transfigura uma tristeza adquirida na infância: ela pode sonhar com
qualquer esperança, a
partir de já. O araçari-mulato eriça as penas da cabeça e pescoço, e
mira a observadora. Uma moto cria uma crista de decibéis pela avenida. A
epifania arrancada a irrita, breve. O sangue volta a pulsar o
necessário. O pássaro pula perto, vibra seus músculos precisos, e a
convida com a cabeça mais baixa. O convite é para se dissolver.
"
2020/06/??
Fred
sábado, 11 de julho de 2020
Araçari-mulato
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário