“
O
céu cinza arrota alguns trovões. Um cidadão zumbi-vivo ataca um
zumbi-morto, de carnes podres – e quem vê expressa a vertigem em
tremedeiras, no rosto, em cambaleios e tropeços. Tudo vira lentidão. Urubus
que já sacavam a situação atacam as carnes podres. E aqueles que mordem
os zumbis-mortos sentem o gosto podre na boca e percebem que não eram
fantasias ou comunistas – e se desesperam, enxaguam a boca, correm para
tomar banho, inventam, criam notícias falsas, gritam, cospem, trancam
suas portas. Os urubus surgem em revoadas. Os urubus mordem
zumbis-mortos e mordem os zumbis-vivos que atacaram ou morderam carnes
podres. Ninguém sabe de onde saem e vem os urubus. Urubus de
envergadura, harpias e gaviões, surgem. Urubus recebem graças, tangem
aviões e zepelins, recebem as mesmas graças da Geni. Os urubus brilham e
bicam implacáveis. Os urubus comem e bicam carnes podres. Benditos
urubus. Que de tão grandes formam um grande cobertor. E salvam todos
nós.
”
200/07/??
Fred
quarta-feira, 22 de julho de 2020
Urubus e os zepelins
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